Budapest, Hungary. 9th Sep 2025;  Joao Cancelo (Portugal) seen celebrating after goal  during World Cup 2026 European qualification game between national teams of Hungary and Portugal . Maciej Rogowski/ Alamy Live News

Portugal vence na Hungria apesar dos equívocos de Martinez

A Seleção A de Portugal venceu esta terça-feira em Budapeste, Hungria, na Arena Puskás, a sua congénere magiar por 2-3, no segundo jogo para ambas as seleções relativo à fase de qualificação para a fase final do Mundial de 2026 que irá decorrer nos Estados Unidos, Canadá e México. Roberto Martinez, o selecionador de Portugal ainda inventou nas escolhas que fez para a formação do onze titular da Turma das Quinas, apostando numa linha defensiva quase sempre formada a cinco elementos, mas apenas com um defesa central de raiz, Rúben Dias, a jogar ao lado de Rúben Neves, aparecendo muitas vezes Vitinha a recuar para a posição de “central do meio”.

E a verdade é que Vitinha, que quando subia para terrenos mais adiantados, dava equilíbrio à linha média, era um elemento a menos quando se torna necessário defender, quer porque não tinha altura para se opor aos cruzamentos altos para dentro da área de Portugal, quer também porque tanto ele como Rúben Neves não eram propriamente os elementos mais rápidos a recuar quando era preciso defender. Ora Roberto Martinez, ao apostar nestes jogadores e ao deixar no banco de suplentes António Silva e Gonçalo Inácio, corou a capacidade defensiva de Portugal que sofreu golos por culpa das opções do selecionador.

O primeiro golo da Hungria, marcado por Varga ao minuto 21’ – os adeptos de Portugal preparavam-se para assinalar o minuto alusivo ao malogrado Diogo Jota quando a Turma das Quinas sofreu o golo inaugural da partida –, resultou exatamente de um cruzamento a partir da direita do ataque para a zona da marca do penálti, onde Varga nem precisou de saltar depois da bola passar por cima de Rúben Dias, com Vitinha a ficar “nas covas” sem capacidade de reação.

Alguém que diga a Roberto Martinez
que Portugal sabe e pode muito mais

Foram assim vários os equívocos de Roberto Martinez, ele que só aos 87’ minutos, e logo após o segundo golo da Hungria, com o ‘bis’ de Varga que colocou por aquela altura o jogo empatado (2-2), optou então o selecionador português por colocar em campo António Silva, apostando em por trancas à porta depois de ter permitido o roubo húngaro à casa portuguesa.

Depois de um jogo em que Portugal tinha já conseguido o empate a um golo por Bernardo Silva, ao minuto 36’, num lance concretizado por milímetros de posicionamento do médio português do Manchester City atrás da linha defensiva da Hungria, a nossa Seleção acabou por se adiantar no marcador, já no segundo tempo ao minuto 58’, por Cristiano Ronaldo, na transformação de uma grande penalidade depois de mão na bola por parte de Nego. O capitão de Portugal rematou com a bola colocada ao poste direito da baliza de Tóth e este, apesar de ter adivinhado o lado do remate não conseguiu evitar o golo tal foi a colocação da bola bem junto ao poste.

Portugal ficava assim na frente do marcador pouco depois do arranque do segundo tempo, altura em que Martinez poderia ter corrigido a colocação das suas pedras de xadrez no tabuleiro verde da Arena Puskás. Ao invés, o selecionador insistiu nas suas ideias, manteve Rúben Dias e Rúben Neves apoiados por Vitinha, Cristiano Ronaldo sozinha nas ações ofensivas, um Bernardo Silva que, apesar de ter marcado um golo, esteve sempre muitos furos abaixo do que é capaz e um Pedro Neto inconsequente a aparecer como extremo.

Depois de casa roubada
António Silva à porta

O selecionador da nossa Seleção ainda começou por tirar Bruno Fernandes, outro jogador que nesta partida esteve abaixo do que sabe, para apostar em Trincão, vindo a chamar pouco depois Palhinha e João Félix para os lugares de João Neves e o já referido Pedro Neto.

Continuava ainda assim Vitinha a recuar quando era preciso defender a três, e contra o que seria de esperar o recém-entrado agora médio do Tottenham não recuava, mantendo-se na linha média, ficando feito o convite para que a Hungria pudesse manter as apostas em lances pelo centro da defesa de Portugal, onde apareceu uma vez mais Varga, ao minuto 84’, a responder de forma assertiva a um lance que surgiu do nada. Nego cruzou do lado direito, Lukácks desviou no primeiro poste e Varga repôs a igualdade na partida, agora a dois golos.

Valeu a Portugal a garra de João Cancelo, ele que foi sempre um dos elementos mais esforçados ao longo do jogo e que, dois minutos depois do golo húngaro, recuperou uma bola no meio-campo ofensivo de Portugal, tabelou com Bernardo Silva e este, com um passe para a zona frontal à grande-área magiar, encontrou de novo Cancelo que rematou forte e rasteiro, de primeira, surpreendendo o guarda-redes Tóth que nem se fez à bola.

Obrigado João Cancelo!

Portugal conseguiu assim uma importante vitória em terras magiares, somando o segundo triunfo em dois jogos disputados fora, nomeadamente na Arménia, onde goleou por 5-0, e agora na Hungria, desta feita numa jornada em que, de forma surpreendente, a Arménia venceu a Irlanda por 2-1. A Turma das Quinas terá agora pela frente quatro jogos a disputar, dos quais apenas um será fora, frente à Irlanda, numa altura em que, após a segunda ronda, segue na frente neste grupo de apuramento, com seis pontos, surgindo depois a Arménia com três pontos e ainda a Irlanda e a Hungria, cada um com um ponto, fruto do empate entre ambas.

Resta agora esperar que Roberto Martinez tome consciência dos equívocos em que incorreu e nas asneiras que cometeu na forma como colocou Portugal em campo neste segundo jogo da fase de apuramento para o Mundial de 2026. Afinal, a qualidade dos jogadores da Turma das Quinas, sem dúvida superior relativamente à formação húngara, onde ainda assim se destacaram elementos como Vargas, Kerkez ou Szoboszlai, permitiram a Portugal resgatar uma vitória que esteve à beira de não acontecer, o que seria um enorme desperdício de qualidade. E se agora ainda há tempo de corrigir estratégias e trajetórias, mais tarde tudo será bem mais complicado, e um equívoco de Martinez poderá ser o desmoronar de um sonho, partilhado por 10 milhões de portugueses. Que não se diga depois que o selecionador não foi avisado!

texto: Jorge Reis
fotos: Maciej Rogowski / LusoNotícias

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