O Estádio João Cardoso vestiu-se de gala, exibindo um tapete verde a cheirar a novo, uma tela fresca para um Tondela que ambicionava pintar um futuro de esperança com um bom resultado neste jogo da 9ª jornada do campeonato da I Liga. No entanto, quem dominou a paleta e a tela foi um Sporting em modo demolidor, que chegou a Tondela não para admirar a paisagem, mas para a subjugar. A vitória final leonina por 3-0 acabou assim por não ser propriamente um acidente, mas sim uma inevitabilidade matemática escrita desde os primeiros minutos.
O leão, ainda com a energia transbordante do triunfo europeu sobre o Marselha no jogo realizado na passada terça-feira em Alvalade, entrou em campo com uma fome voraz. De tal forma que logo aos 60 segundos, Pedro Gonçalves, o motor leonino, deu o primeiro aviso, mas esbarrou no guarda-redes Bernardo, ele que se transformaria no herói solitário do Tondela. O guardião da casa começava ali a adiar o inevitável, prolongando uma esperança que, a cada ataque leonino, parecia mais ténue.
O meio-campo do Sporting tricotava o jogo com fluidez e precisão, transformando a defesa tondelense numa manta de pontos soltos. Geny Catamo, Trincão e o incansável Luís Suárez iam apertando o cerco e aos 28 minutos, depois de várias tentativas, a resistência cedeu: Pote serviu com mestria e Suárez, com a frieza de um matador, inaugurou o marcador. O relvado novo servia assim de palco para a primeira lição de eficácia.
Pedro Gonçalves abriu a contagem
apesar da qualidade de Bernardo




A primeira parte foi um monólogo. O Tondela respirava por aparelhos, com as discussões entre Marques e Cícero a espelhar a desorientação. Do lado oposto, o guardião Bernardo operava milagres, negando um golo de calcanhar a Pote e um remate à meia-volta a Suárez. O Tondela ainda assustou num lampejo, mas Rui Silva, na baliza leonina, transmitiu a segurança de quem sabe que o perigo é esporádico.
O descanso não trouxe a acalmia necessária. O Sporting manteve a mesma melodia e, aos 59 minutos, surgiu o momento de pura classe que matou o jogo. Pedro Gonçalves, na entrada da área, executou uma finta de outro mundo, deixando um defesa “a olhar para as estrelas”, e desferiu um remate seco, letal. Foi um rasgo de génio individual que quebrou de vez o espírito do heróico Bernardo e tornou o 0-2 uma verdade inquestionável.
O Tondela tentou reagir, criando a sua melhor oportunidade pelos pés de Medina, mas a indecisão foi o seu pior inimigo.
Desta vez o banco não marcou
mas rendeu dividendos


O Sporting, percebendo o ligeiro abanão, refrescou a equipa com as entradas de Matheus Reis, Quenda e Alisson, e voltou a carregar. De tal forma que já em período de descontos surgiu o golpe final. Uma jogada coletiva, rápida e de um só toque, envolvendo os três recém-entrados, colocou o jovem internacional Quenda na condição de aplicar o toque final de misericórdia. O 0-3 selou a obra com o selo da qualidade coletiva do Sporting e fechou as contas.
O Estádio João Cardoso, em Tondela, ficou com o seu relvado novo manchado pela superioridade indiscutível do leão, tendo o Sporting partido de regresso a Lisboa com os três pontos, uma exibição convincente e a mensagem clara de que na corrida pelo título não quer ficar à sombra de ninguém. O Tondela, por sua vez, fica com a lição: por mais verde que esteja o campo, é a qualidade do futebol que nele se pratica, e de uma forma colectiva, que, no fim, faz a diferença, não chegando a boa prestação de um guarda-redes para segurar uma equipa.
Com este triunfo e os consequentes três pontos o Sporting iguala, ainda que à condição, o FC Porto na liderança da I Liga, sendo que os dragões jogam esta segunda-feira em Moreira de Cónegos frente ao surpreendente Moreirense, equipa que surge após oito jornadas na sexta posição do campeonato com 15 pontos.









