O Auditório do Casino Estoril foi palco da cerimónia de entrega dos Prémios Literários e de Cidadania Cultural da Estoril Sol, que distinguiram os escritores Hugo Gonçalves e Dulce Gonçalves, e o poeta e ensaísta Helder Macedo. Presidida por Guilherme d’Oliveira Martins, a sessão contou com a presença de numerosas personalidades do mundo das Letras e das Artes e foi marcada por um voto de pesar pelo falecimento de Liberto Cruz, antigo membro do júri.
Hugo Gonçalves foi o vencedor do Prémio Literário Fernando Namora 2024 com a obra “Revolução”, descrita por Guilherme d’Oliveira Martins como “um relato vivo dotado de um estilo direto, fluído e comunicativo”. Ao receber o galardão, o autor defendeu que “ler um livro é hoje um ato de resistência” contra a zanga e o medo disseminados nas redes sociais e na televisão, considerando a leitura um “abrigo contra o ruído do mundo” e um baluarte para a liberdade e democracia conquistadas a 25 de Abril de 1974.







Dulce Gonçalves venceu o Prémio Literário Agustina Bessa-Luís com o romance “O Processo”, uma obra que, nas palavras do presidente do júri, se foca “na memória histórica dos últimos anos da resistência à ditadura portuguesa” e na “emigração portuguesa para França, sobretudo durante os anos 60”. A autora explicou que o livro parte do “umbigo familiar” para homenagear uma geração que “conquistou a chave dourada da liberdade”, afirmando que “escrever é não esquecer” e que a narrativa pretende ser um “compromisso com a memória”.
O Prémio Vasco Graça Moura – Cidadania Cultural foi atribuído a Helder Macedo, um “ilustre poeta, romancista, ensaísta, crítico e professor” com um “percurso exemplar no campo da cidadania cultural”. O júri destacou a sua consciência livre e a sua defesa da liberdade, tanto na criação artística como no “reconhecimento do direito dos povos à autodeterminação e independência”. No seu discurso, Helder Macedo sublinhou que “o exercício de cidadania tem como ponto de partida a capacidade de recusa” e que a responsabilidade do cidadão é saber “quando, como, e não importa com que consequências, dizer não”.






Na abertura da cerimónia, Mário Assis Ferreira, em representação da Estoril Sol, enalteceu o “inabalável compromisso” da empresa com a Cultura e as Artes ao longo das últimas décadas. Num período complexo para o setor, defendeu que a indústria do entretenimento, hotelaria e restauração terá de responder “com energia e criatividade às incógnitas” do horizonte, sublinhando o papel da expansão do turismo como uma “Atividade de Paz”.









