A incerteza pairou sobre o Estádio da Madeira até ao último segundo no embate entre o Nacional e o Benfica. E se a formação alvinegra do Nacional ainda sesteve na frente no marcador, a verdade é que foi o Benfica que sorriu no final, ao virar um jogo que parecia perdido para triunfar por 2-1 sobre o Nacional, em partida da 12.ª jornada da I Liga.
Na Choupana, a equipa de José Mourinho, com um “onze” previsível em que a única relativa surpresa resultou da chamada à titularidade do jovem Rodrigo Rêgo — Trubin, Dedic, António Silva, Otamendi, Samuel Dahl, Enzo Barrenechea, Aursnes, Leandro Barreiro, Sudakov, Rodrigo Rêgo e Pavlidis —, sofreu, insistiu e, quando o tempo já quase se esgotava, foi recompensada pela sua persistência, graças ao impacto decisivo dos substitutos que entraram na fase final do desafio. Já do lado do Nacional da Madeira, Tago Margarido, o técnico dos insulares, ainda teve tempo para acreditar, mas viu os seus pupilos claudicarem nos instantes finais.





O Nacional entrou em campo com Kaique na baliza, ainda Alan Nuñez, José Vitor, Leo Santos e José Gomes, uma linha média com Paulinho, Miguel Baeza, Matheus Dias, Igor Pereira e Motez Nourani, sobrando na frente como o homem mais adiantado Jesús Ramírez.
Domínio sem recompensa
por culpa própria dos encarnados
Desde o primeiro minuto, o Benfica estabeleceu a sua autoridade. Com uma posse de bola dominante e um jogo orientado para o ataque, as águias criaram uma sucessão de oportunidades desde o início. Logo aos 6 minutos, Leandro Barreiro forçou Kaique, o guardião madeirense, a uma intervenção de qualidade, repetindo a façanha minutos depois.
A hegemonia encarnada era tal que o Nacional raramente conseguia passar do meio-campo, e quando o fazia, via as suas investidas serem rapidamente controladas pela defesa benfiquista.
Aos 26 minutos, Fredrik Aursnes esteve perto de abrir o marcador, com um remate colocado que passou perto do poste esquerdo de Kaique. Pavlidis, de cabeça, e Sudakov, com um remate forte de fora da área, continuaram a testar a solidez da defesa nacionalista, mas a bola teimava em não entrar.
O momento mais frustrante para os visitantes ocorreu aos 43 minutos, quando um golo de Pavlidis foi anulado por fora de jogo tirado ao avançado grego dos encarnados, deixando o resultado empatado a zero no intervalo, de forma algo injusta face ao que se tinha passado em campo.
O susto pelo golo madeirense
e a resposta da crença encarnada




O segundo tempo seguiu um guião semelhante, mas com um revés inesperado. Aos 60 minutos, Otamendi cometeu um erro que se revelou decisivo, perdeu a bola em zona proibida, permitindo que o Nacional castigasse a turma visitante com frieza: Paulinho Bóia serviu Chucho Ramírez e este, claramente o homem mais perigoso do Nacional, não perdoou e fez 1-0 contra a corrente do jogo .
Em vez de se desmoralizar, o Benfica redobrou a intensidade. Aos 63 minutos, Pavlidis viu um remate ser novamente travado por Kaique, e António Silva, aos 76, cabeceou espetacularmente, mas a bola rasurou a trave. A equipa às ordens de José Mourinho carregava, mas a eficácia continuava a falhar, tornando o desfecho cada vez mais incerto, levando o presidente do Benfica, Rui Costa, a colocar as mãos na cabeça transparecendo enorme nervosismo.
A cambalhota heróica
dos encarnados a partir do banco



A solução para as pretensões do Benfica acabou assim por vir do banco. Aos 58 minutos quando o nulo ainda prevalecia no marcador, Mourinho introduziu Gianluca Prestianni no lugar de Rodrigo Rêgo. Depois, com a sua equipa já a perder, aos 77 minutos, Mourinho apostou em Andreas Schjelderup por troca com Leandro Barreiro, revelando-se estas duas alterações mais tarde como decisivas.
Assim, a um minuto do final do tempo regulamentar (89′), Prestianni empatou o jogo. Após uma arrancada pela direita, o jovem argentino recebeu um passe de Dedic, encarou a baliza e, de um ângulo muito apertado, disparou de forma indefensável para fazer o 1-1.
A celebração foi rápida, pois a equipa sabia que ainda podia vencer. O árbitro deu nove minutos de compensação e, já nos descontos (90’+05′), a cambalhota aconteceu mesmo: Schjelderup, pela esquerda, combinou com a experiência de Otamendi e, já na linha de fundo, colocou um cruzamento preciso para o ponta de lança Pavlidis que, de primeira, posicionado na pequena área, marcou o golo da reviravolta e do triunfo, 1-2. Há que dizer que o Nacional ainda poderia ter empatado nos instantes finais, mas Trubin fez uma defesa espetacular a um remate de Matheus Dias, garantindo os três pontos para os encarnados.
Consequências e próximos desafios

Esta vitória mantém o Benfica firmemente no terceiro lugar da tabela, com 28 pontos, a apenas três do líder FC Porto, ainda que à condição já que os dragões jogam apenas amanhã, domingo, na recepção eo Estoril Praia. Mais do que os pontos, porém, a equipa do Benfica leva uma enorme injeção de moral e confiança para um dos jogos mais importantes da temporada: o dérbi frente ao Sporting, na próxima sexta-feira, 5 de dezembro, às 20h15 no Estádio da Luz.
Para o Nacional, a derrota foi amarga, mas a exibição, especialmente defensiva, trouxe aspetos positivos. A equipa madeirense mantém-se no 12.º lugar, com 12 pontos, e provou ser uma adversária resiliente e capaz de complicar a vida a qualquer equipa que visite a sua fortaleza na Madeira.
Num jogo de emoções fortes, o Benfica demonstrou uma característica que define os campeões: a capacidade de sofrer e de nunca desistir. Foi uma vitória arrancada a ferros, concluída com o sabor a doce no final de 90 minutos de intensa incerteza.









