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Sporting vence Marselha em noite de VAR(dade) em Alvalade

Foi sob um misto de euforia e um ligeiro sabor a alívio que o Estádio José Alvalade celebrou uma vitória conseguida com uma reviravolta no resultado frente ao Olympique de Marselha, esta quarta-feira, na terceira jornada da fase de liga da Liga dos Campeões. Num jogo decidido nos detalhes e profundamente marcado pela intervenção do VAR, com correções a decisões iniciais do árbitro que apontaram sempre no sentido da verdade desportiva, os leões mostraram coragem para, depois de uma primeira parte menos conseguida, transformar uma desvantagem em triunfo por 2-1, num resultado que vale milhões para as ambições europeias do clube.

Depois de um minuto de silêncio em homenagem a Francisco Pinto Balsemão falecido esta terça-feira, jornalista, político, empresário e adepto leonino, o jogo avançaou para um primeiro tempo que se resumiu num pesadelo que os adeptos não estavam à espera de ver. O Sporting, aparentemente atado por uma pressão francesa intensa, via-se sem ideias para sair do seu meio-campo. As figuras de proa, como Luis Suárez, apareciam como ilhas isoladas no ataque, enquanto Pedro Gonçalves lutava contra uma noite de pouca inspiração. A equipa de Rui Borges parecia sem resposta para o jogo de toque rápido e circulação eficiente do Marselha, que trocava a bola como se de um mero treino se tratasse.

A superioridade visitante materializou-se aos 14 minutos, e de que maneira. Igor Paixão, que já tinha cheirado o golo minutos antes, recebeu a bola à entrada da área, fintou para dentro, enganando Ivan Fresneda – titular surpresa na equipa leonina – e, com um remate em arco de rara beleza, depositou a bola no canto mais distante da baliza de Rui Silva. Um golo de primeira água que silenciou Alvalade e fez crescer assobios de descontentamento, reflexo das claras dificuldades leoninas.

Parecia ser o prelúdio de uma noite longa, mas o futebol tem destas voltas. Sobre o intervalo, o jogo viveu um momento de puro drama. Emerson, já com amarelo, mergulhou na área leonina numa simulação mais digna de um palco. O árbitro ainda apontou inicialmente para o penálti, mas foi chamado a rever as imagens pelo VAR. A decisão foi revertida, e o azarão do lance tornou-se no vilão: Emerson viu o segundo amarelo por simulação e o correspondente vermelho. A explosão de alegria nas bancadas foi tão intensa quanto a frustração anterior e o apito para o intervalo soou com o Sporting a perder, mas com uma tábua de salvação inesperada.

A chave para o Euromilhões
estava no banco do Sporting

A reentrada da equipa leonina em campo no segundo tempo foi diferente. Com mais um homem, os leões saíram com a garra que lhes faltara no primeiro acto, pressionando mais alto e criando perigo. Luis Suárez acordou e tornou-se um pesadelo para a defesa francesa, enquanto Quenda esteve perto do empate ao enviar a bola ao poste. A pressão era constante, e a reviravolta no guião parecia uma questão de tempo.

Ela começou a surgir aos 69 minutos, pela mão (ou melhor, pelo pé) de um herói lançado do banco. Geny Catamo, que entrara pouco antes por troca com Quenda, recebeu a bola na direita e, com um remate seco e rasteiro, colocou a bola no fundo das redes. A celebração foi contida, porque o árbitro auxiliar apontou um alegado fora de jogo, pelo que houve que esperar pela decisão do VAR, que não tardou a confirmar o golo. O empate estava estabelecido, a equipa acreditava e os adeptos rejubilavam.

O epílogo da partida reservava ainda mais emoção. Aos 86 minutos, numa jogada algo caótica, Alisson, outro jogador que foi aposta de Rui Borges a partir do banco de suplentes para o segundo tempo, rematou, a bola desviou na mão de defesa do Marselha, no que daria certamente uma grande penalidade, mas, num ressalto inusitado, acabou por enganar o guarda-redes Rulli e entrar na baliza. O golo da vitória surgia assim fruto de uma teimosia leonina que se sobrepôs a uma exibição longe de ser perfeita.

VAR impediu um penálti, validou um golo
do Sporting e manteve os 11 leões no relvado

Uma nota curiosa em redor desta jogo resulta da intervenção determinante do VAR que começa por confirmar a simulação por parte do brasileiro Emerson, reverte uma grande penalidade e permite que o jogador do conjunto marselhês visse o segundo cartão amarelo, e por via disso o consequente vermelho.

Depois, já no segundo tempo, o mesmo VAR confirma o golo do empate para o Sporting, depois de ter sido assinalado um posicionamento irregular de Geny Catamo, e ainda retirou um vermelho direto a Maxi Araújo, depois de um lance em que o árbitro começou por sancionar uma suposta agressão do jogador do Sporting a um adversário que não aconteceu.

Quanto ao resultado final, e apesar da vitória, curiosamente, em redor de Alvalade, o ambiente final não foi puramente de festa, isto porque muitos adeptos deixaram claro que, na sua opinião, o triunfo chegou com uma dose de sorte, fruto da expulsão de Emerson e de um golo algo fortuito no final. As críticas à orientação de Rui Borges, especialmente pela aparente falta de ideias no primeiro tempo, pairaram no ar de Alvalade, servindo como um lembrete de que a euforia da vitória não apaga totalmente as dúvidas sobre o caminho a percorrer.

Opiniões à parte, no final, os 42.766 espectadores que estiveram nas bancadas do estádio de Alvalade, levaram para casa a memória de uma reviravolta épica, uma noite onde o VAR foi protagonista e a resiliência da equipa leonina fez a diferença.

Uma vitória de milhões, sim, mas que deixa a sensação clara de que o Sporting, agora com seis pontos nesta fase de liga da Champions após três jogos disputados, terá ainda muito trabalho pela frente para sonhar em grande e se afirmar na Europa.

texto: Jorge Reis
fotos: Diogo Faria Reis

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