Foi no crepúsculo desta segunda-feira, no recinto do Moreirense, que o FC Porto reafirmou uma das virtudes mais preciosas mais necessárias a quem pretende ser campeão: a resiliência. Perante uma equipa de casa até então invicta como visitada, o dragão precisou de cuspir fogo até ao último suspiro para conseguir uma vitória revirada, por 2-1, um resultado que mantém a equipa firmemente no comando da liderança da I Liga.
O guião do jogo não se apresentava como o ideal para os portistas. O Moreirense, sólido e pragmático, soube absorver a inicial pressão azul e branca e, na primeira investida verdadeiramente perigosa, abriu o marcador. Aos 17 minutos, Alanzinho apareceu no lado esquerdo da área e o seu remate, com um desvio decisivo em Bednarek, enganou Diogo Costa e calou a numerosa bancada portista. O plano do técnico Vasco Botelho da Costa estava a funcionar na perfeição e o Moreirense saía na frente no primeiro jogo doe cónegos com um dos três ‘grandes’ na presente época.
O FC Porto, dono de mais bola, continuou a procurar o caminho do golo, mas esbarrava na compacta organização moreirense. A ansiedade crescia a cada passe truncado. Um sinal de esperança surgiu quando Gabri Veiga, numa exibição de técnica, aparou a bola em vólei e colocou-a no fundo da baliza do Moreirense para o que parecia ser o golo do empate do FC Porto.
No entanto, o árbitro João Gonçalves, após consulta ao VAR, anulou o lance por posição irregular do médio espanhol e a igualdade foi adiada. Foi assim preciso esperar pelos descontos da primeira parte, altura em que uma falta sobre Victor Froholdt na área ditou a marcação de um penálti confirmado pelo VAR. Com frieza, Samu Aghehowa igualou o marcador, oferecendo um novo jogo à sua equipa no intervalo.
Teimosia e insistência
resolve jogo à beira do fim
Regressadas as equipas para a segunda parte, viveu-se um exercício de paciência e de gestão de ansiedades. O FC Porto, com as entradas de William Gomes e, mais tarde, de Rodrigo Mora, procurou acelerar o jogo e encontrar os espaços que o Moreirense teimava em fechar. A equipa da casa, por seu turno, não se resignou ao empate e procurou explorar os contra-ataques, mantendo o perigo sempre latente. O empate parecia inevitável, um resultado que, para os portistas, saberia a pouco.
Foi então que, aos 87 minutos, a teimosia foi recompensada. Num lance que é o retrato da equipa de Francesco Farioli, a determinação superou a tática. Num canto executado por Rodrigo Mora, Jakub Kiwior subiu mais alto que todos e ofereceu uma assistência de cabeça para Deniz Gul. O avançado turco, que entrara há poucos minutos, apareceu no sítio certo para, também de cabeça, bater André Ferreira e desatar a celebração da equipa visitante. Um golo de alma, que valeu o seu “peso em ouro”.
Este triunfo, conquistado nos instantes finais, permite ao FC Porto consolidar a liderança do campeonato da I Liga com 25 pontos, mantendo uma distância confortável sobre os perseguidores diretos. É um resultado que injeta uma enorme confiança na equipa portista, provando que, mesmo nos dias menos inspirados, o seu carácter é uma arma letal.
Para o Moreirense, a derrota amarga não apaga o brilho do excelente arranque de campeonato. A equipa mostrou ter argumentos para causar problemas a qualquer adversário e saiu de campo de cabeça erguida, mesmo após a primeira brecha na sua fortaleza de Moreira de Cónegos. O FC Porto, por seu lado, segue com a lição aprendida e com a prova de que, em futebol, o jogo só acaba quando o árbitro apita.
Na próxima jornada os dragões irão receber no seu terreno a formação do Sporting de Braga, para mais um jogo certamente complicado, enquanto que o Moreirense terá que se deslocar ao relvado do Arouca, dois jogos a disputar ambos no próximo dia 2 de Novembro.
texto: Jorge Reis
fotos: João Mota
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