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FC Porto de Farioli consente a primeira derrota na floresta de Sherwood

A primeira derrota da era Farioli no FC Porto chegou com o sabor amargo de uma oportunidade perdida na terceira ronda da fase de liga da Liga Europa. No City Ground, um estádio embrenhado em história e folclore inglês, o FC Porto não caiu perante um gigante, mas perdeu-se a si próprio perante a eficácia crua do Nottingham Forest. A invencibilidade, que até aqui parecia um manto protector, desfez-se numa noite em que o “Dragão” mostrou mais respeito pelo adversário do que convém a uma equipa que aspira a voos altos na Liga Europa.

A estratégia de Francesco Farioli foi, desde o início, um documento de intenções e, ao mesmo tempo, uma confissão de cautela. Ao preferir a solidez física de Pablo Rosario ao talento criativo de Gabri Veiga, o técnico italiano pareceu querer travar uma batalha no terreno do Forest. Admitiu, tacitamente, que o jogo se iria decidir na luta, no choque, na segunda bola. O problema não residiu no plano inicial, mas na forma como foi executado: com uma hesitação que paralisou a alma da equipa. O Porto não só jogou ao jogo do Forest, como o fez com menos convicção e intensidade durante largos períodos.

A primeira parte foi um retrato fiel desse complexo. Perdidos na floresta de pressing inglês, os portistas assistiram impotentes aos sucessivos avisos de Hudson-Odoi, até que o inevitável aconteceu. Um lance fortuito, uma bola na mão de Bednarek, e Gibbs-White, da marca de penálti, fez o resto. Perante o golpe, a resposta foi de uma pobreza alarmante. Um remate de Varela e um desvio falhado de Rosario foram os únicos momentos de desconforto para uma defesa que se manteve ordenada e confortável.

A reacção na segunda parte trouxe um fôlego de esperança. O FC Porto saiu com outra raça, outra vontade. Subiu o ritmo, ganhou duelos e, por uns minutos, pareceu ter encontrado o caminho de volta ao jogo. Esse lampejo de vida materializou-se na bola na rede de Bednarek, um golo que acendeu os ânimos da bancada visitante e prometia reescrever a narrativa da noite. No entanto, o VAR, esse juiz moderno e impiedoso, riscou o momento de euforia com um traço milimétrico de fora-de-jogo. Foram centímetros que valeram uma reviravolta psicológica.

A partir daí, a energia que o Porto tinha injectado no jogo começou a esvair-se como ar de um balão furado. As substituições de Farioli, embora proactivas, não conseguiram travar a crescente desconexão entre os sectores. E quando a imprudência se junta ao cansaço, o desastre é frequentemente o resultado.

A tentativa arriscada de Froholdt num livre rápido originou o contra-ataque que poderia ter ditado o 2-0 mais cedo, mas a sorte ainda protegeu os portistas nesse momento. A sentença, no entanto, estava apenas adiada. O segundo penálti, após uma intervenção correcta do VAR que revertou um amarelo por simulação em falta clara de Martim Fernandes, foi o ponto final num jogo que o FC Porto nunca conseguiu verdadeiramente disputar.

Em cima de tudo isto, apostar em Rodrigo Mora apenas ao minuto 84′, por troca com Pepê, quando a turma inglesa já estava confortável na gestão da vantagem para a vitória, foi um tiro de pólvora seca e uma responsabilidade sobre os ombros do jovem portista quando os seus colegas em campo já não tinham descernimento para o servir da melhor forma.

Esta derrota em Nottingham não deve assim ser lida como um mero tropeço. É, antes, um alerta. Alertou para as limitações de uma equipa que se anula quando tenta adaptar-se excessivamente ao adversário. Alertou para a fragilidade mental quando o plano A se desvanece e a criatividade não surge para o substituir. A terra que já foi “maldita” para o FC Porto mostrou-lhe, esta quinta-feira, que o caminho da Europa é feito de mais do que boa vontade. É preciso identidade, e foi precisamente isso que se perdeu algures na floresta de Sherwood.

texto: Jorge Reis
fotos: ©X (Twitter)

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