Francisco Pinto Balsemão, uma das figuras mais marcantes da democracia portuguesa, faleceu esta terça-feira, dia 21 de Outubro de 2025, aos 88 anos, de causas naturais, estando acompanhado pela família nos seus últimos momentos. Nascido a 1 de Setembro de 1937, em Lisboa, Francisco Balsemão concluiu a licenciatura em Direito pela Universidade de Lisboa, tendo sido um dos três fundadores, a 6 de Maio de 1974, conjuntamente com Sá Carneiro e Magalhães Mota, do Partido Popular Democrata, posteriormente rebatizado de PPD/PSD, de que era atualmente o militante número 1.
Na sua vida política, foi deputado na Ala Liberal durante o Estado Novo, como deputado da Ala Liberal na Assembleia Nacional, onde se destacou pela luta por uma abertura democrática. Após o 25 de Abril de 1974, desempenhou os cargos de Vice-Presidente da Assembleia Constituinte, Ministro de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro e ainda Primeiro-Ministro (1981-1983), tendo sucedido a Francisco Sá Carneiro na sequência da morte deste no acidente de Camarate, tornando-se Primeiro-Ministro do VII e VIII Governos Constitucionais, entre 9 de Janeiro de 1981 e 9 de Junho de 1983.
O seu mandato ficou marcado por dois feitos históricos:
– A revisão constitucional de 1982, que extinguiu o Conselho da Revolução e consolidou a democracia plena em Portugal.
– A conclusão das negociações para a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (CEE), abrindo caminho para a entrada do país na União Europeia.
À margem da sua actividade política, Francisco Pinto Balsemão deixa um enorme legado no Mundo da Comunicação, tendo sido um visionário da comunicação social em Portugal. Em 1973, ainda durante o Estado Novo, fundou o semanário Expresso, um jornal que se assumiu como uma voz independente e que se tornou uma referência no panorama jornalístico nacional. Mais tarde, criou o Grupo Impresa, que se tornou um dos maiores grupos de media do país.
O seu espírito pioneiro materializou-se novamente a 6 de outubro de 1992, com o lançamento da SIC – Sociedade Independente de Comunicação, o primeiro canal de televisão privado em Portugal, que revolucionou o setor audiovisual. Sob a sua liderança, o grupo continuou a inovar, lançando mais tarde o primeiro canal de notícias em português 24 horas por dia, a SIC Notícias, e outros canais temáticos.
A sua luta pela liberdade de expressão e pelo direito a informar e a ser informado foi um princípio orientador de toda a sua carreira, tanto no jornalismo como na política.
Partida de Balsemão será
assinalada com dia de luto nacional
A notícia do falecimento de Francisco Pinto Balsemão foi recebida com profunda consternação e gerou imediatas reações de homenagem por parte das mais altas figuras do Estado e dos partidos políticos.
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, descreveu Balsemão como “uma das personalidades mais marcantes dos últimos sessenta anos” e um “visionário, pioneiro, criativo, determinado, batalhador, democrata”. Concluiu afirmando que “Portugal nunca o esquecerá”.
Por seu turno, Luís Montenegro, Primeiro-Ministro, lembrou Balsemão como um “lutador”, “democrata” e “fundador da nossa democracia”, tendo anunciado a intenção do Governo de decretar luto nacional no dia das cerimónias fúnebres.
Quem também recordou Francisco Pinto Balsemão foi José Pedro Aguiar-Branco, Presidente da Assembleia da República, ele que salientou que Balsemão teve uma vida que “se confunde com a própria História da democracia portuguesa”.
Francisco Pinto Balsemão deixa um legado indelével na história contemporânea de Portugal, tendo sido um protagonista ativo na sua transição para a democracia e um agente transformador no setor da comunicação social.









