Newcastle-SLBenfica-01

Noite gélida em St. James Park para o Benfica de Mourinho

A geada ainda não cobria os telhados de Newcastle, mas no relvado do St. James Park, o Benfica de José Mourinho congelou perante a tempestade dos Magpies. A terceira jornada da fase de liga da Liga dos Campeões reservou uma noite gélida para os encarnados, que, perante um público fervoroso, se desvaneceram após uma resistência inicial, sucumbindo por 3-0 e regressando a Lisboa de mãos a abanar, prosseguindo com zero pontos nesta competição e agora com dois golos marcados e sete sofridos.

A estratégia de José Mouurinho, traçada com a minúcia de um general, parecia promissora no papel. A surpresa chamava-se Tomás Araújo, chamado à titularidade por troca com Dahl, para fechar o flanco esquerdo, uma peça chave num plano que visava anular os ataques insistente de Newcastle e, na posse, construir a três. Mas os planos, por vezes, desfazem-se perante a realidade crua do jogo. E a realidade, nesta terça-feira, vestia-se de preto e branco.

O primeiro acto foi um jogo de xadrez nervoso, onde o Benfica demonstrou que, apesar do medo, trazia uma arma na manga: a velocidade vertiginosa de Dodi Lukébakio. Do seu lado, o belga atormentou Dan Burn, um gigante de movimentos pesados. Foi ele quem, isolado, viu Nick Pope esticar a perna para o travar, e foi ele quem, minutos depois, atirou com estronto à trave. Do outro lado, o mesmo Dan Burn era uma ameaça aérea, forçando Trubin a exibições precoces de qualidade. O guarda-redes ucraniano, uma das poucas luzes encarnadas, já brilhava num jogo onde a sua baliza era um alvo constante.

O equilíbrio, porém, era frágil. E foi no ponto mais sensível da tática benfiquista que a linha se partiu. Um passe infeliz de Aursnes, a tentar acalmar o jogo, desencadeou um contra-ataque letal. Murphy encontrou Gordon, que finalizou com frieza. Simples, direto e mortal. O plano de Mourinho, que já resistia a custo, via o seu pior pesadelo materializar-se.

Benfica perdeu o rumo no segundo tempo

A segunda parte confirmou os receios. O Newcastle, alimentado pelo golo e pela energia dos seus adeptos, saiu para matar. Trubin tornou-se num herói involuntário, negando o 2-0 com intervenções de classe perante Miley e Murphy. Mas a resistência tinha os dias contados. Aos 71 minutos, veio o golpe de misericórdia, um duro lembrete do nível exigido nesta competição. Num lance que começou num canto a favor do Benfica, Nick Pope, com a visão de um quarterback, lançou um míssil em forma de passe longo para Harvey Barnes, que entrara há instantes. A defesa encarnada evaporou-se, e Barnes, com frieza, fez o 2-0.

O desalento instalou-se de vez. Pouco depois, e após um lance polémico na área, Barnes bisou, aproveitando uma jogada bem ensaiada. Os minutos finais foram um calvário, apenas amenizado pela boa exibição de Trubin, que impediu um resultado ainda mais gravoso com um punhado de defesas de grande qualidade. O seu esforço, contudo, foi inglório, resultando afinal em um farol num naufrágio colectivo.

Para o Benfica, esta foi mais do que uma simples derrota. Foi uma lição. A tour de Mourinho por Inglaterra, iniciada com a visita ao terreno do Chelsea onde também perdeu, não rendeu pontos, e a equipa continua a zeros, tanto na tabela como no moral. A ideia estava lá, mas a execução falhou redondamente. Em noites como esta, no coração de Inglaterra, percebe-se que o caminho de regresso ao topo da Europa é ainda longo e árduo. As Águias voaram baixo, e em Newcastle, isso é um convite para serem caçadas.

texto: Jorge Reis
fotos: ©X (Twitter)

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