A exemplo do que já tinha acontecido com o Santa Clara ainda na era Bruno Lage, no último jogo do Benfica orientado por este técnico, a turma encarnada voltou a empatar frente a um adversário tido como “de outro campeonato”, o Rio Ave, uma vez mais no Estádio da Luz, e de novo com um golo consentido nos minutos de compensação de uma partida em que os jogadores do Benfica, agora às ordens de José Mourinho, acabaram por empatar (1-1) quando tinham o jogo controlado e a vitória claramente ao seu alcance.
A primeira parte foi mal conseguida pelo Benfica, frente a um adversário que raramente incomodou Anatoli Trubin, mas em que o onze da formação anfitriã poucas oportunidades efectivas de golo criou. Mas na segunda parte, depois de José Mourinho ter finalmente mexido na sua equipa, apostando no belga Lukebakio, sem dúvida um elemento diferenciado, este veio agitar o jogo, ofereceu um golo a Rios em que o colombiano chegou atrasado ao cruzamento e não concretizou, e repetiu a oferta, agora a Sudakov, depois de um cruzamento a partir da linha de fundo, com o ucraniano a bater de forma certeira para o golo que coloca o Benfica em vantagem, ao minuto 86′.












A vencer, e depois de um jogo em que o Rio Ave tinha sido um adversário particularmente difícil de bater apostando quase sempre em transições que o Benfica foi anulando, o golo de Sudakov vinha instalar entre os 57.059 adeptos nas bancadas do Estádio da Luz a convicção de que a reestreia de José Mourinho enquanto técnico do Benfica no ninho da águia seria vitoriosa. Porém, o Rio Ave, que não deixou de acreditar, encontrou num elemento mais fresco, chamado à equipa durante o segundo tempo, o extremo brasileiro André Luíz, um jovem jogador de 23 anos que entrou ao minuto 58′ e viria a assinar o golo dos vilacondenses que tirou o sorriso dos rostos dos benfiquistas.
A partir de um lance de ataque dos encarnados, o Rio Ave apostou numa transição rápida pelo corredor direito exactamente por André Luís e, contra três jogadores encarnados, conseguiu ainda assim abeirar-se da área de baliza do Benfica, zona em que fletiu para dentro para desferir um potente remate, obrigando a bola a efectuar um arco para o poste mais distante da baliza de Trubin. O guarda-redes ucraniano nada mais pôde fazer senão observar a trajectória da bola e esta acabou por ir ao encontro da face interna da rede lateral da baliza do Benfica, para aquele que foi o golo do Rio Ave, um golaço que repunha a igualdade quando já poucos duvidavam de que seria a equipa da casa a somar os três pontos do triunfo, o que não aconteceu.
Primeira parte sem golos nem ideias









Num jogo em que o Rio Ave conseguiu quase sempre travar o ataque do Benfica obrigando a equipa da casa a lateralizar a partir da direita para a esquerda, regressando a bola logo depois à direita, sem conseguirem os pupilos de José Mourinho construir lances de golo eminente, a formação visitante foi segurando o ímpeto ofensivo dos encarnados, permitindo que se instalasse nas bancadas, mas também dentro das quatro linhas, um nervosismo crescente entre as hostes benfiquistas. Respondendo em transições verticais em velocidade, o Rio Ave manteve sempre as linhas mais recuadas do Benfica em sentido, impedindo que jogadores como Otamendi e António Silva conseguisses chegar à frente de ataque para causarem desequilíbrios.
Desde modo, o Benfica acumulava mais tempo de posse de bola, mas sem consequências práticas. Enquanto isso, jogadores como Ivanovic eram anulados na frente de ataque dos encarnados, com defesas do Rio Ave como Vrousai a recorrerem à falta sempre que necessário, mas com a eficácia de quem mantinha a bola longe da sua baliza. O primeiro remate do Benfica com algum perigo aconteceu ao minuto 25, com o colombiano Richard Ríos a desferir um remate que levou a bola a passar por cima da trave da baliza do Rio Ave, merecendo ainda assim alguns aplausos dos adeptos benfiquistas.












Aursnes tentou também a sua sorte, com um remate de longe que levou a bola a passar a rente ao poste direito da baliza à guarda de Miszta, ficando por aí as tentativas da formação encarnada para desfazer a igualdade a zero no marcador. Pavlidis passou todo o primeiro tempo “ao lado” do jogo, Ivanovic esteve completamente ausente da partida, Sudakov raramente conseguia receber uma bola em condições entre linhas para criar espaços para a entrada de Pavlidis e Ríos, sem ideias, era um elemento completamente apagado na linha média da equipa da casa.
Lukebakio fez a diferença para melhor no Benfica
Ultrapassado o intervalo, as duas equipas regressaram ao relvado com os mesmos onzes com que iniciaram a partida mas rapidamente os dois técnicos iniciaram a dança das substituições. Primeiro foi o treinador do Rio Ave, o grego Sotiris Silaidopoulos, a chamar ao jogo André Luiz e Clayton, ao minuto 58, respondendo pouco depois José Mourinho com as entradas na equipa do Benfica de Lukebakio e Schjelderup, por troca com Ivanovic e Dahl.
Do lado do Rio Ave a aposta era agora na velocidade de dois homens com características claramente ofensivas, enquanto que Mourinho procurava dar maior acutilância nos corredores, o que conseguiu claramente no lado direito com a presença do belga em estreia com a camisola do Benfica.










Antes ainda das entradas de Schjelderup e Lukebakio, o que aconteceu ao minuto 63′, houve tempo para um lance que ficou como um dos “casos” do jogo. Ao minuto 59’,, depois de um lance ofensivo do Benfica que envolveu vários jogadores pelo corredor direito, os adeptos do Benfica ainda festejaram um golo de Pavlidis, conseguido com um remate à meia volta a que Miszta não se conseguiu opor. Porém, quatro minutos depois, que foi o tempo que o VAR demorou a analisar o lance e o árbitro Sérgio Guelho a rever o mesmo no monitor, o golo do grego do Benfica acabou por ser anulado. Alertou o VAR e entendeu o juiz da partida que Otamendi tinha pisado um jogador do Rio Ave na jogada que precedeu o golo, pelo que este acabou por não contar, mantendo-se o “nulo”.
Passava então o Benfica a jogar com Schjelderup e Lukebakio a procurarem dar maior largura ao jogo do Benfica, o Rio Ave também recebia alterações com a entrada de Athanasiou para o lugar de Pohlman, mas era o Benfica que assumia o jogo, fazendo os seus adeptos acreditar que o golo estaria a aparecer a qualquer instante.
Lukebakio causou um primeiro “bruá” ao apostar num chapéu a Miszta que falhou por pouco. Pouco depois, o mesmo Lukebakio inventou um cruzamento a partir do lado direito com Pavlidis e Rios a chegarem tarde para a finalização do que parecia poder ser um golo fácil – dentro da pequena área nem Pavlidis nem Ríos conseguiram tirar partido do cruzamento do belga –, levando os adeptos benfiquistas ao desespero.
Sudakov permitiu a festa mas André Luiz gelou a Luz











Finalmente, ao minuto 86′, uma vez mais Lukebakio a aparecer pelo lado direito, conseguiu com uma arrancada deixar o lateral do Rio Ave para trás e, já na linha de fundo, cruzou para o interior da área onde apareceu Sudakov, sobre a marca da grande penalidade, a rematar tirando a bola do alcance de Miszta, assinando assim o ucraniano o golo dos encarnados depois de uma assistência de Lukebakio que, há que o dizer, valeu meio golo.
Henrique Araújo, que estava para entrar no jogo, voltou para o banco de suplentes, Mourinho apostou em Leandro Barreiro para o lugar de Sudakov, este saiu das quatro linhas aplaudido de pé pelos adeptos da Luz, o jogo chegou ao final do tempo regulamentar numa altura em que o árbitro deu um cartão amarelo a Clayton depois de uma falta sobre Otamendi, o juiz deu mais sete minutos de compensação, e quando os benfiquistas começavam já a abandonar as bancadas da Luz convictos de que o resultado estava feito, eis que aparece André Luiz, numa verdadeira cavalgada pelo corredor direito do ataque da turma de Vila do Conde, em transição, deixando seis jogadores do Benfica junto à baliza de Miszta e acreditando que poderia bater Trubin.











Com três jogadores do Benfica à sua frente, André Luiz acreditou, fletiu para o meio e, já perto da meia-lua da área benfiquista, puxou para dentro e rematou ao segundo poste, com Trubin apenas a poder ver a bola passar, assinando um verdadeiro golaço que gelou por completo as bancadas do Estádio da Luz. A exemplo do que já tinha acontecido frente ao Santa Clara, quando o Benfica consentiu um empate no último minuto do tempo de compensação, uma vez mais a história repetia-se, agora frente ao Rio Ave.
Mourinho ainda fez entrar Henrique Araújo por troca com Richard Rios, Barrenechea viu o cartão amarelo e vai ficar de fora no jogo da próxima sexta-feira frente ao Gil Vicente, e o jogo terminou pouco depois com o Benfica a perder mais dois pontos no Estádio da Luz, no jogo que marcou o regresso de José Mourinho ao recinto benfiquista.
Com a vantagem conseguida, que terá sido provavelmente o mais difícil, o Benfica acabou por consentir um golo numa fase da partida em que tinha tão só que controlar a partida e a marcha do tempo aet ao apito final do árbitro, algo que não conseguiu fazer, levando mesmo a que José Mourinho apelidasse esta equipa benfiquista de naïf pela forma como consentiu a liberdade ofensiva ao Rio Ave no lance em que André Luiz fez o golo do empate.












O Benfica está agora na terceira posição do campeonato da I Liga, com menos quatro pontos do que o FC Porto, o líder, e um ponto do Sporting que ocupa a segunda posição.









