Apostando no pragmatismo, matando o jogo quando foi necessário e privilegiando a defesa do resultado a partir do momento em que este lhe passou a ser favorável, o Benfica, frente a um adversário que entrou no relvado do Estádio da Luz a querer jogar de igual para igual, garantiu esta sexta-feira a conquista dos três pontos no confronto com o Gil Vicente, fruto do triunfo por 2-1.
Em termos de qualidade do futebol praticado, até foi o conjunto visitante que viajou desde Barcelos até Lisboa que apresentou os melhores lances de futebol, tendo sido seu o primeiro golo do jogo, obrigando o Benfica a lutar muito para garantir a “cambalhota” no marcador. Acabaram por ser os encarnados mais eficazes, tirando mais aproveitamento dos lances ofensivos, fazendo dois golos e esquecendo a qualidade da exibição que, por cansaço e falta de ideias, não conseguiram exibir perante os seus adeptos.







Sem poder contar com Enzo Barrenechea, que cumpriu um jogo de castigo por ter visto uma primeira série de cinco cartões amarelos, o técnico José Mourinho escalou um onze do Benfica com o quarteto defensivo do costume à frente de Trubin (Dedic, António Silva, Otamendi e Dahl), colocando na linha média Aursnes, Richard Ríos e Sudakov, jogando na frente Lukebakio e Schjelderup no apoio a Pavlidis.
Do lado do Gil Vicente, a formação muito bem orientada pelo técnico César Peixoto apresentou uma formação titular com o guarda-redes Andrew, ainda Zé Carlos, Marvin Elimbi, Buatu e Konan na defesa, Cáseres e Santi para a ligação entre o sector mais recuado e a linha média, aparecendo aí Agustín Moreira, Luís Esteves e Murilo como Pablo como o homem mais adiantado da turma gilista.
Com a obrigação de garantir pontos a recair sobre os ombros dos jogadores do Benfica, a verdade é que foi o Gil Vicente a entrar melhor na partida, acabando por justificar o primeiro golo conseguido ao minuto 11′, num lance de bola parada. António Silva cometeu uma falta sobre a linha de grande-área, o árbitro não teve dúvida em apontar o livre direto em zona de perigo para a baliza de Trubin e, na transformação, o gilista Luís Esteves, com um remate em força disparado para o lado do guarda-redes, surpreendeu Trubin que não conseguiu impedir o primeiro golo do jogo.






O Gil Vicente dava assim corpo no marcador à forma mais determinada como entrou no jogo, perante um Benfica que apostava quase todas as fichas na velocidade do belga Lukebakio, jogador sobre o qual o técnico José Mourinho dissera na antevisão do jogo que não teria combustível para cumprir os 90 minutos.
Curiosamente, o Benfica viria a conseguir o golo do empate ao minuto 17′, num lance em que Lukebakio não participou, isto porque foi Schjelderup quem cruzou para o interior da pequena área, deixando a bola à mercê de Pavlidis. O grego não perdoou e na primeira vez que o Benfica conseguia entrar na área do Gil Vicente, chegava ao golo, com Pavlidis a bater o guarda-redes com um remate de pé esquerdo a empatar a partida. Já o Gil Vicente sofria assim o terceiro golo no presente campeonato, permitindo que o Benfica recuperasse alguma tranquilidade depois da “entrada em falso” nesta partida.






Penálti sobre Lukebakio permitiu
a Pavlidis dar a volta ao resultado
O golo do empate conseguido pelos encarnados não foi o suficiente para que o Benfica recuperasse a tranquilidade, até porque, há que o dizer, o Gil Vicente não o permitiu, continuando a mandar no jogo e a criar as melhores oportunidades de golo, conseguindo surgir em alguns lances com superioridade numérica no sector mais recuado dos encarnados. Do lado do Benfica Lukebakio continuava a ser o jogador mais esclarecido, acabando por ser cometida sobre ele uma falta dentro da área gilista, levando o árbitro João Gonçalves a assinalar uma grande penalidade que foi confirmada pelo VAR João Malheiro. Na transformação do castigo máximo, Pavlidis assumiu e bateu para o segundo golo da equipa da casa, conseguindo virar o resultado inicialmente favorável ao conjunto visitante.
Até ao final do primeiro tempo a toada do jogo manteve-se, com o Gil Vicente a conseguir os melhores lances perante um Benfica lento, a perder demasiadas vezes a posse de bola no meio do terreno, num conjunto em que apenas Lukebakio mantinha em alerta o sector mais recuado da formação visitante. Para o segundo tempo, e quando se esperava que o belga pudesse ficar nos balneários, o Benfica manteve o mesmo onze dos primeiros 45 minutos, isto enquanto que César Peixoto, no Gil Vicente, apostava em Joelson Fernandes por troca com o extremo uruguaio Moreira que ficou nos balneários.










E se o primeiro tempo começou com o Gil Vicente a dominar e a marcar, o segundo tempo teve um arranque conseguido quase a papel químico, isto porque foi a formação visitante quem voltou a estar mais perto do golo, enviou mesmo a bola à trave da baliza de Trubin, e obrigou o Benfica a aplicar-se na defesa para impedir que o Gil Vicente voltasse a chegar ao empate.
Com dois remates, primeiro por Santi Garcia e depois por Luís Esteves, a equipa da casa só não chegou ao golo porque Trubin respondeu com duas excelentes defesas, acabando por aparecer Santi Garcia que, com um pontapé de bicicleta na resposta a um canto, enviou a bola à trave da baliza de Trubin. O Gil Vicente voltava a encostar o Benfica às cordas no arranque deste segundo tempo.
Fora de jogo de seis centímetros
invalidou o segundo golo gilista










A culminar esta boa entrada do Gil Vicente, a bola acabou mesmo por entrar na baliza de Trubin ao minuto 48’, num lance em que Pablo bateu o guarda-redes ucraniano do Benfica, naquele que seria o segundo golo do conjunto forasteiro que só não contou porque Pablo estava adiantado seis centímetros no momento em que saiu o cruzamento de Joelson Fernandes. O Benfica e os seus adeptos não se livraram do enorme susto, perante um adversário que continuava a querer jogar de igual para igual frente a um Benfica cansado, sem ideias e sem frescura física.
Ao minuto 54′ foi Murillo quem desferiu um remate em força com selo de golo, uma vez mais para o Gil Vicente, levando a bola a beijar de novo a trave da baliza do Benfica. Em jeito de resposta, apenas por uma vez Lukebakio tentou o remate de longe à baliza do Gil Vicente, mas a bola “morreu” nas mãos de Andrew.
O extremo belga queimava ali os seus últimos cartuchos de energia, acabando por sair ao minuto 67′, altura em que ele e Schjelderup deram os seus lugares a Leandro Barreiro e Ivanovic. E se Barreiro veio dar outra consistência ao meio-campo do Benfica, o avançado croata mostrou-se particularmente perdulário, falhando inúmeros passes e complicando por diversas vezes a ação dos seus companheiro de equipa.












Perante os 57.358 adeptos nas bancadas do Estádio da Luz, o Benfica ia segurando a vantagem tangencial, com um jogo de muito má qualidade em que o Gil Vicente começava a perder a energia permitindo que o Benfica fosse mantendo a bola longe da sua baliza mas sem qualquer objectividade que não a de segurar o resultado.
Sobre o final da partida, Hevertton Santos viu dois cartões amarelos no espaço de quatro minutos, acabando por ser expulso por acumulação de amarelos. José Mourinho terminava o jogo a fazer entrar João Veloso para o lugar de Pavlidis, Trubin ainda repôs a bola em jogo a partir de um pontapé de baliza, Veloso nem tocou na bola e o árbitro João Gonçalves apitou para o final do jogo.
O Benfica conseguiu assim nesta sétima jornada uma importante vitória frente ao Gil Vicente, com uma cambalhota no resultado depois de uma exibição completamente cinzenta, e isto a menos de quatro dias do embate com o Chelsea, em Stamford Bridge, naquele que será o jogo da segunda jornada da fase de liga da Liga dos Campeões da UEFA. Já o Gil Vicente, que merecia ter podido regressar a Barcelos pelo menos com um ponto depois desta visita ao Estádio da Luz, irá jogar no próximo fim-de-semana em Barcelona na recepção ao Estrela da Amadora.























