A noite desta quarta-feira no Estádio da Luz, perante 50.314 espectadores, pedia um espetáculo mais assertivo e decidido bem mais cedo no jogo entre Benfica e Tondela, nos quartos-de-final da Taça da Liga. Porém, a equipa às ordens de José Mourinho começou por deixar clara a crença de que mais cedo ou mais tarde a vitória iria surgir e só no segundo tempo conseguiu impor uma lição de pragmatismo. Perante um resistente Tondela, foram precisos um penálti confirmado pelo VAR para os encarnados, a paciência de quem sabe esperar pelo momento certo e a entrada revigorante de Richard Ríos para desbloquear o jogo e garantir a passagem à ‘final four’ da Taça da Liga com um resultado final de 3-0, números bem mais expressivos do que aquilo que a exibição do Benfica, por si só, justificou.
Com um onze profundamente alterado relativamente ao último jogo – Samuel Soares entre os postes, a dupla Otamendi e António Silva no centro da defesa, Leandro Barreiro a construir no meio-campo ao lado de Enzo e sem Ríos, que começou o jogo no banco, jogando ainda de início Schjelderup com Ivanovic no ataque, sem Pavlidis –, a equipa da casa iniciou o encontro com uma toada de equilíbrio que surpreendeu. O sector defensivo era férreo, mas do meio-campo para a frente ficava claro que a equipa estava pouco oleada e sem intensidade.






Do lado do Tondela, também em 4-3-3, a equipa beirã não se intimidou e conseguiu jogar com perigo nas imediações da área benfiquista, num primeiro tempo em que apenas os lampejos individuais de Lukebakio, com uma ou outra finalização mais difícil, a exigir bons reflexos de Canizares, quebraram a monotonia.
Otamendi bateu penálti
no jogo 250 pelo Benfica
A partida, contida e sem o domínio claro por parte do Benfica que a bancada esperava, encontrou o seu ponto de viragem aos 40 minutos. Num lance que só a tecnologia tornou possível, o árbitro Carlos Macedo foi chamado ao monitor pelo VAR para analisar uma bola que terá embatido no braço de Afonso Rodrigues, dentro da área. A decisão foi rápida e assertiva: penálti para o Benfica. Otamendi, que cumpria nesta partida o seu emblemático 250.º jogo com a águia ao peito, assumiu a responsabilidade e, com frieza, encaminhou a bola para o fundo das redes, desbloqueando o marcador no momento em que a equipa mais precisava.






O Benfica recolheu aos balneários a vencer, depois de uma decisão do VAR que lhe foi favorável, mas nestas coisas do futebol aquilo que o VAR dá também tira. Deste modo, logo no arranque do segundo tempo, aos 48 minutos, o Estádio da Luz celebrou efusivamente o que parecia ser o golo de consolidação do domínio do Benfica: após a melhor jogada coletiva da equipa, num lance iniciado em Leandro Barreiro e culminando num engenhoso passe de calcanhar de Lukebakio já dentro da área de baliza do Tondela, Georgiy Sudakov rematou enviando a bola para o fundo das redes da baliza à guarda de Cañizares. A euforia encarnada, porém, seria curta porque, após uma análise demorada da VAR Cláudia Ribeiro, o golo foi anulado por um fora-de-jogo de Lukebakio, tirado por um centímetro (!!!). Estava assim tomada uma decisão de uma precisão cruel que manteve o jogo em aberto.
Ríos rasgou, Lukebakio marcou
e Vangelis Pavlidis confirmou
O Tondela ganhou ânimo, o Benfica parecia preso na inércia, e o jogo arrastava-se com perigo escasso. As entradas de Pavlidis ao minuto 64′, e de Richard Ríos aos 76′ minutos’, viriam a revelar-se as chaves que destrancaram a fechadura. O grego trouxe maior determinação na frente de ataque do Benfica e o colombiano trouxe uma energia imediata.







De tal forma assim foi que, aos 82 minutos, Ríos foi autor de um momento de pura magia: numa arrancada individual pela direita, passou sem dificuldade entre dois defensores do Tondela com uma mudança de ritmo explosiva e, já dentro da área, apenas com o guarda-redes espanhol da turma visitante pela frente, ao invés de rematar para a baliza, ofereceu a bola em bandeja a Lukebakio, que só teve de a empurrar para marcar o seu primeiro golo pelos encarnados.
Nos descontos, quando muitos adeptos do Benfica já tinham abandonado as bancadas, houve ainda tempo para seurgir o terceiro golo do Benfica, numa jogada que selou a noite de forma perfeita. Leandro Barreiro, pelo lado direito, cruzou rasteiro para a área, onde Vangelis Pavlidis apareceu com um timing impecável para, com um toque subtil, desviar a bola para o fundo da baliza.






O apito final do árbitro Carlos Macedo confirmou a passagem do Benfica para a final-four da Taça da Liga, onde irá encontrar como adversário o Sporting de Braga, equipa que também esta quarta-feira eliminou o Santa Clara com uma vitória robusta por 5-0 no Municipal de Braga. Quanto ao jogo entre Benfica e Tondela, não foi uma exibição para ficar na memória dos benfiquistas pela sua beleza, mas sim pela sua eficácia.
Na noite do Estádio da Luz, o pragmatismo falou mais alto, e o objetivo foi cumprido, podendo os pupilos de José Mourinho começar a pensar desde já no jogo do próximo sábado, no sempre difícil terreno do Vitória de Guimarães, referente ao campeonato da I Liga. Os problemas para o Benfica serão porventura maiores, mas a abordagem pragmática de Mourinho continuará a estar presente, apontando para o objectivo de querer vencer, mesmo que seja pela vantagem mínima no marcador.










