Sob o olhar atento do brasileiro Vini Jr., internacional brasileiro do Real Madrid que é também acionista da SAD do Alverca, o clube ribatejano, que esta época chegou à I Liga onde já não alinhava desde 2004, recebeu no seu Complexo Desportivo o Benfica, num embate em que a turma visitante venceu por 1-2. E se é verdade que o triunfo dos encarnados foi justo, é também verdade que a turma ribatejana complicou e muito a conquista dos três pontos por parte do Benfica, principalmente a partir do minuto 71′, quando o lateral direito Dedic viu o segundo cartão amarelo, depois de uma falta sobre Chiquinho que o árbitro José Bessa considerou merecedora de cartão amarelo, neste caso o segundo para o lateral que viu por isso o consequente vermelho.
A decisão do árbitro foi muito contestada pelos elementos do banco do Benfica, particularmente por Bruno Lage, que já antes não gostou da forma, sem dúvida exagerada, como o juiz da partida mostrou o primeiro cartão a Dedic, ainda no primeiro tempo, ao minuto 18′.
O problema para o Benfica é que, se o primeiro amarelo terá sido injusto, o jogador, já “amarelado”, não poderia ter feito a falta que fez sobre Chiquinho. Aliás, o árbitro José Bessa já antes tinha “fechado os olhos” a uma falta de Richard Rio merecedora de um segundo amarelo, cometida pouco depois de ter visto um primeiro amarelo ao minuto 47′ devido a um pisão curiosamente também sobre Chiquinho, claramente um dos elementos mais esclarecidos da equipa do Alverca. Rios escapou ao segundo amarelo e acabou por ser Dedic, porventura o melhor jogador em campo, que foi mais cedo para os balneários deixando o Benfica em situação de maior aflição perante um Alverca atrevido e com elementos determinados em conseguirem mostrar valor neste jogo da quarta jornada da I Liga.
Schjelderup abriu a contagem
sob o olhar atento de Sudakov
Voltando atrás no tempo, até ao início da partida, damos conta que o Benfica entrou melhor no jogo, com uma equipa formada com algumas surpresas nas decisões do técnico Bruno Lage, ele que apostou em Samuel Soares para a baliza, Tomás Araújo para o centro da defesa ao lado de Otamendi e Ivanovic para o ataque, com Leandro Barreiro nas suas costas. Ficaram assim no banco Trubin, António Silva e Pavlidis, jogadores que acabariam por entrar na partida já na etapa complementar. Aursnes voltava a aparecer no lado direito do ataque, com Schjelderup no setor canhoto, Enzo e Rios ocupavam o “miolo” do terreno e Dedic e Dahl completavam a linha defensiva que surgia com Tomás Araújo e Otamendi como centrais à frente de Samuel Soares. Na bancada, a referência para a presença de Georgiy Sudakov, jogador ucraniano que assinou este domingo pelos encarnados e pôde acompanhar, ainda que nas bancadas de Alverca, a prestação da sua nova equipa.
Do outro lado, Custódio escalou uma equipa do Alverca assente na qualidade de Chiquinho e na velocidade de Marezi, apoiados por um terceiro elemento, Cédric Nuozzi, o trio ofensivo que deu algum trabalho a Samuel Soares, principalmente no segundo tempo quando o Benfica perdeu algum esclarecimento no seu jogo Na baliza o Alverca apresentou Matheus Mendes, com uma linha de três centrais formada por Steven Baseya, Sergi Gómez e Julián Martínez, ocupando a linha média com Nabil Touaizi, Sabit Abdulai, Alex Amorim e Isaac James.
Com o arranque da partida facilmente se percebeu que seria o Benfica que tinha as melhores condições para vencer a partida, ficando ainda assim a convicção de que o Alverca não iria facilitar, podendo mesmo em um ou outro lance procurar tirar partido da qualidade dos seus jogadores mais criativos, nomeadamente o homens da linha ofensiva. Só que, contra o jogo vertical do Alverca, o Benfica respondeu com melhor técnica, ainda que prejudicada pelo estado do relvado, muito irregular e a soltar enormes tufos de relva em algumas ações dos jogadores.
Acabou o Benfica por chegar à vantagem bem cedo no jogo, com um golo de Schjelderup, aos seis minutos, num lance em que o norueguês foi servido por Richard Rios, perante a apatia da defesa do Alverca. Apenas com Mendes pela frente, o jovem extremo dos encarnados visou a baliza e abriu o marcador, num golo fácil que colocava o Benfica em vantagem. Curiosamente, e apesar de estar na frente em termos de resultado, o Benfica acusava alguma falta de discernimento na construção, com a dupla formada por Richard Rios e Enzo Barrenechea a mostrarem-se algo perdidos numa equipa com poucas ideias.
Chiquinho, primeiro, e Nuozzi, depois, ainda assustaram o último reduto do Benfica, aos 24 e aos 26 minutos, respondendo Samuel Soares com uma enorme defesa a um remate de Nuozzi. Isaac James ainda tentou a recarga mas a bola saiu com muita altura.
Amar Dedic continua a ser
fácil para os benfiquistas
O Alverca apostava então nas transições para chegar com algum perigo à baliza dos encarnados, mas acabaria por ser o Benfica, à beira do final do primeiro tempo, quem fez o segundo golo do jogo, num lance magistral do lateral direito Amar Dedic. Ao minuto 44′, o defesa nascido na Áustria que é internacional pela seleção da Bósnia, invadiu a área do Alverca, dançou à frente de um defesa contrário e com um pontapé colocado ao segundo poste bateu Matheus Mendes, assinando o segundo golo dos encarnados. O Benfica não tinha até então conseguido uma grande exibição, mas primou pela eficácia, isto porque conseguiu dois golos em três remates efectuados à baliza do Alverca.
Para o segundo tempo, perante 6532 adeptos nas bancadas do Complexo Desportivo de Alverca, o Alverca entrou melhor no jogo, obrigando os homens do Benfica a recorrerem à falta para travarem a velocidade do trio atacante da turma ribatejana. Richard Rios viu um cartão amarelo ao minuto 47′, poderia ter visto um segundo amarelo pouco depois que o árbitro lhe perdoou, Otamendi também viu um amarelo ao minuto 59′, e Bruno Lage teve que mexer na sua equipa, para lhe dar alguma frescura e outra acutilância ofensiva que não estava a conseguir com Ivanovic. Entrou por isso Pavlidis para o lugar do croata, mas também Prestianni e Florentino, respectivamente para as posições de Schjelderup e Rios. O técnico do Alverca respondia com a aposta em Chissumba, Gui e Lincoln, à passagem do minuto 70′, por troca com James, Nuozzi e Abdulai, e logo depois, ao minuto 71′, Dedic via o já referido segundo cartão amarelo, deixando o Benfica reduzido a 10 elementos.
Os encarnados passaram a defender com uma linha de cinco elementos, com Leandro Barreiro no lado direito e Aursnes a surgir como o terceiro central, pelo lado direito, numa altura em que o Alverca apostou todas as fichas para reentrar no jogo. Bruno Lage procurou reconstruir a sua linha defensiva tirando Barreiro e apostando em António Silva, mas o Alverca acabaria por chegar mesmo ao golo, ao minuto 85′ concretizado por Davy Gui, ele que assinou o primeiro golo sofrido pelos encarnados na presente temporada.
Benfica avisa que vai estar atento
aos critérios das arbitragens
A partir dali o Alverca pressionou para chegar a um eventual segundo golo que permitisse pelo menos a divisão de pontos, mas o Benfica conseguiu manter a sua área de baliza segura, acabando o jogo por terminar depois de seis minutos de compensação dados pelo árbitro sem que o marcador registasse mais alterações. Bruno Lage, o treinador dos encarnados, deixou o banco da sua equipa em direção aos balneários claramente irritado, como ele próprio viria a assumir na conferência de imprensa após a partida, e o próprio diretor geral do Benfica para o futebol profissional, Mário Branco, entendeu ser necessário deixar uma declaração aos jornalistas em que manifestou a intenção de estar atento aos critérios das arbitragens, depois de um jogo em que, lembrou, o Benfica recebeu “um cartão amarelo a cada duas faltas” cometidas, algo que considerou ser “extremamente rigoroso e até ilógico tendo em conta o tipo de jogo” que foi disputado.
Certo é que o Benfica somou a oitava vitória em igual número de jogos oficiais na presente temporada, leva agora apenas um golo sofrido, e saiu de Alverca com o seu objectivo alcançado que, naturalmente, passava pela vitória face à turma ribatejana.
Nota de reportagem, já depois do final da partida, para a despedida de Florentino junto dos adeptos do Benfica, confirmando-se a saída do “polvo” do Benfica que irá agora rumar ao Burnley, equipa da Premier League que o deverá receber já amanhã, segunda-feira, em Inglaterra.