A noite de sexta-feira no Estádio José Alvalade tinha um cheiro a vitória anunciada para o Sporting perante a turma ribatejana do Alverca, mas o caminho para os dois golos que ditaram o resultado final foi bem mais sinuoso do que os 31.833 espectadores presentes nas bancadas do recinto leonino poderiam antever.
Perante uma equipa visitante que se apresentou num compacto 5-4-1, com Marezi como o único elemento adiantado junto dos centrais do Sporting, os leões precisaram de uma segunda parte de paciência e qualidade para desbloquear o jogo e consolidar a sua posição na luta pelo campeonato. Pelo meio, a equipa leonina ainda tirou partido de um erro da equipa de arbitragem que fez vista grossa a uma falta de Diomandé, à beira do intervalo, que deveria ter sido sancionada com um cartão vermelho direto para o jogador do Sporting.
O primeiro tempo foi, na sua essência, um exercício de frustração. Como se viu desde cedo, o Sporting instalou-se no meio-campo adversário, ditando um ritmo intenso que o Alverca, de início, ainda tentou contestar com algumas investidas perigosas. A equipa de Rui Borges circulava a bola, procurava os corredores, mas esbarrava na muralha defensiva ribatejana.











Os momentos de maior perigo deste jogo foram claros e para a baliza do Alverca: o remate em arco de Geny Catamo a ressoar no poste, e depois o falhanço incontestável de João Simões, já perto do intervalo, que deixou todos a perguntar se seria mais uma daquelas noites em que a bola simplesmente não iria entrar na baliza contrária.
Ficou por mostrar um cartão
vermelho direto a Diomandé
O intervalo não arrefeceu a determinação leonina, mas trouxe mais um contratempo. Uma falta clara de Diomandé à entrada da área, cometida sobre Marezi, deveria ter merecido um olhar mais atento pelo VAR, isto porque a falta foi clara, e porque o jogador sérvio do Alverca ficava isolado em frente à baliza de Rui Eilva, numa clara oportunidade de golo, o central sportinguista teria que ver o cartão vermelho direto. Certo é que o árbitro nada assinalou e o VAR, porventura porque a falta foi cometida fora da área e não teve em conta o corte de uma oportunidade clara de golo, também não alertou o árbitro para o erro cometido.
Com o arranque do segundo tempo o Sporting chegou mesmo à vantagem, ao minuto 50′, num lance finalizado por Luis Suárez. Porém, aqui por indicação do VAR, o árbitro António Nobre anulou o golo por uma posição irregular de um jogador leonino, mais tarde confirmada pelas linhas de um fora-de-jogo de 10 centímetros, circunstância que fez subir os níveis de ansiedade que começavam a pairar sobre Alvalade.










A solução para o Sporting resolver este imbróglio surgiu, como em tantas outras vezes, a partir de uma aposta certa de Rui Borges e de um momento de qualidade. Aos 68 minutos, Fotis Ioannidis, a contratação grega que chegou a Alvalade em Setembro com a missão de marcar golos, e que neste jogo foi chamado à ação ao minuto 59′ com Quenda, os dois para os lugares de Geny Catamo e João Simões, saltou dentro da área, sem oposição para, com um cabeceamento imparável, converter um canto e finalmente romper a resistência da bem montada defesa do Alverca.
Suárez ameaçou o que Ioannidis
desbloqueou e Pote confirmou
Foi o golo de Ioannidis que desbloqueou o jogo e que deve ter sabido particularmente a Ioannidis, que na sua apresentação em Alvalade, um ano depois de ter começado a ser cobiçado pelas hostes leoninas, prometeu “marcar muitos golos para podermos celebrar juntos”.










Se o primeiro golo trouxe alívio, o segundo trouxe beleza. Aos 74 minutos, Pedro Gonçalves, Pote para a tribo do futebol, decidiu a questão com um golaço de longa distância que deixou o guarda-redes do Alverca pregado ao relvado e sem qualquer hipótese de negar o 2-0 para os leões. Foi o sétimo golo na Liga para o médio esta temporada, um número que espelha a sua excelente forma e a sua importância no motor ofensivo da equipa às ordens de Rui Borges.
Com o resultado resolvido, o Alverca, já sem forças para uma reação, viu o tempo correr. Os números finais falam por si: uma posse de bola para o conjunto leonino de 67% e 27 remates (8 à baliza) contra apenas 8 do Alverca (nenhum à baliza). Conseguiu por isso o Sporting uma vitória justa e sem contestação, trabalhada, e que, no final, premiou a persistência e a qualidade individual de um Ioannidis em estreia a marcar e de um Pote em estado de graça.











Já o Alverca, o mesmo que no início da semana tinha perdido com este Sporting por 5-0 em jogo para a Taça da Liga, continua com os mesmos 10 pontos com que partiu para esta 10ª jornada da I Liga, mas certamente bem mais agradado com o resultado conseguido que, embora igualmente negativo, deixou claro que o Alverca esteve francamente melhor desta vez no reduto do leão.









