Um golo do turco Kerem Akturkoglu, jogador que esteve na mira do Fenerbache neste mercado de transferências e que acabou por ser decisivo na história deste playoff, permitiu a vitória tangencial do Benfica esta quarta-feira no Estádio da Luz, frente à turma turca orientada por José Mourinho, garantindo o apuramento dos encarnados para a milionária competição da UEFA. Ao mesmo tempo, os encarnados relegaram o Fenerbache para a Liga Europa, fruto de um jogo em que o Benfica foi sem dúvida superior, nomeadamente nos primeiros 45 minutos, período em que os pupilos de Bruno Lage conseguiram marcar por três vezes ainda que só à terceira tenha sido considerado válido o golo de Akturkoglu.
Logo ao quarto minuto, Leandro Barreiro falhou um golo cantado no Estádio da Luz, isto depois de receber um passe de Pavlidis que o deixou isolado em frente ao guarda-redes Livakovic, acabando este por fazer uma defesa impossível perante o médio benfiquista. Curiosamente, o mesmo Leandro Barreiro, que neste jogo apareceu preferencialmente nas costas de Pavlidis a integrar-se muitas vezes no ataque. acabou por estar na origem de um golo anulado a Pavlidis, ao minuto 13’, num lance em que o luxemburguês do Benfica se faz à bola já sobre a linha de golo.
Pavlidis colocou a bola dentro da baliza do Fenerbache, mas Leandro Barreiro, adiantado em relação à linha da bola, faz-se ao lance, permitindo ao VAR considerar que teve intervenção no lance, acabando isso por levar à decisão do VAR que anulou o golo benfiquista.
E como não há duas sem três, eis que à passagem do minuto 23’ voltou a verificar-se no relvado da Luz mais um golo anulado ao Benfica, e uma vez mais a Leandro Barreiro, num lance em que a equipa de arbitragem entende que há um braço do jogador do Benfica nas costas de um defesa do Fenerbache antes do remate que leva a bola até ao fundo das redes à guarda de Livakovic.
António Silva a defender
e Barreiro a servir o ataque
O jogo era, ainda assim, totalmente controlado pelo Benfica, perante um Fenerbache inofensivo que tardou em entrar no jogo, limitando-se a defender. Já o conjunto às ordens de Bruno Lage, com um ataque particularmente móvel, capaz de surgir com três, quatro e até cinco jogadores abertos à largura do relvado em acções ofensivas, foram mantendo em sentido a turma orientada por José Mourinho. E se à frente tudo corria bem para os encarnados, atrás a defesa mostrava-se particularmente segura, com António Silva imperial, conjuntamente com Otamendi intransponíveis no eixo central, apoiados por Dahl e Dedic nos corredores, permitindo a ligação ao miolo onde Rios e Barrenechea procuravam servir Aursnes e Barreiro, municiando o jogo ofensivo de Akturkoglu e Pavlidis.
O Fenerbache apenas de bola parada conseguia importunar o último reduto do Benfica, e mesmo assim o resultado desses lances era pífio, como aconteceu ao minuto 35′ quando Talisca, na transformação de um pontapé livre, viu a bola ficar na barreira do Benfica. Na resposta, o Benfica conseguiu uma transição rápida, com Leandro Barreiro uma vez mais a revelar-se determinante, servindo Akturkoglu que rematou para a baliza do Fenerbache, fazendo o golo que colocava o Benfica em vantagem no jogo e na eliminatória, à passagem, do minuto 37′.
Akturkoglu determinante
num jogo que quis resolver
O jogador turco, de quem se diz que ainda poderá rumar ao clube de Istambul, não festejou o golo, chegando mesmo a deixar um sinal de pedido de desculpa por ter faturado para os encarnados, um gesto que não passou despercebido aos adeptos do Benfica que por esta altura festejavam o abrir das portas para o apuramento para a milionária Liga dos Campeões. Ainda assim, há que dar conta que foram vários os lances em que o turco quis resolver a partida, mostrando a sua determinação em deixar o seu nome ligado a este apuramento do Benfica para a milionária Champions, mesmo que não venha a prosseguir no plante dos encarnados para essa competição.
Em cima do minuto 45′ Leandro Barreiro voltou a perder uma oportunidade de golo flagrante, mas a verdade é que o jogo chegou ao intervalo com o Benfica, justamente, em vantagem, ainda que tangencial, justificada por algumas decisões no mínimo discutíveis da equipa de arbitragem liderada pelo esloveno Slavko Vincic.
Para o segundo tempo, José Mourinho corrigiu alguns posicionamentos, conseguiu colocar mais pressão sobre a bola por parte dos seus jogadores, operou algumas mudanças que permitiram mais objectividade, e a verdade é que o jogo passou a estar mais equilibrado. À passagem do minuto 72′, o Fenerbache, por En-Nesyri, conseguiu enviar a bola à trave da baliza de Trubin, num lance que quase permitia o empate para a turma turca.
Talisca foi carta forte
de Mourinho… até ser expulso
O susto permitido pela bola na trave da baliza do Benfica serviu para acordar a equipa da casa, numa altura em que estava a recuar em demasia. Talisca, aliás, andou mesmo perto do golo do empate, pouco depois, quando apareceu na área do Benfica a responder a um cruzamento do lado esquerdo, com um cabeceamento que poderia ter dado o empate para o conjunto turco.
Bruno Lage percebeu nessa altura que tinha que dar mais frescura ao ataque do Benfica, obrigando com isso o Fenerbache a recuar as suas linhas para não serem surpreendidos junto à área de baliza de Livakovic, operando por isso duas alterações determinantes, com as saídas de Akturkoglu e Pavlidis, ao minuto 76′, eles que deram os seus lugares a Schjelderup e Ivanovic.
Do lado do conjunto visitante era Talisca o homem mais produtivo do ataque na fase mais equilibrada do jogo. isto numa altura em que o antigo jogador do Benfica surgia como o homem mais produtivo do ataque do Fenerbache. O marcador acusava, ainda assim, a vantagem mínima do Benfica, chegando ao minuto 82′ em que os 64.323 adeptos nas bancadas do Estádio da Luz puderam assistir ao momento determinante no jogo: Talisca, que ao minuto 80′ tinha visto um cartão amarelo por derrubar Ivanovic, atingiu com o cotovelo o rosto de Barrenechea dois minutos depois, ao minuto 82′, acabando por ver o segundo amarelo no espaço de dois minutos e o consequente vermelho.
Bruno Lage mostrou ter
a melhor receita de choco frito
O Benfica ficava a partir dali em superioridade numérica dentro das quatro linhas, o Fenerbache, que logo no primeiro tempo tinha sido obrigado a fazer entrar Soyuncu para o lugar do lesionado Nélson Semedo, perdia nesta fase final da partida o seu elemento mais criativo, e o Benfica, com uma defesa assertiva e segura, um meio campo dominador, pôde levar o jogo até ao apito final do árbitro mantendo a vantagem construída à custa do golo de Akturkoglu, ironicamente o turco que o Fenerbache tanto procurou negociar e quer determinada altura procurou comprar por uma verba muito abaixo da proposta inicial, numa jogada de bastidores que levou o Benfica a manter o camisola 7 disponível para cumprir as determinações de Bruno Lage.
Na luta entre os dois treinadores de Setúbal, acabou por ser Bruno Lage a apresentar a melhor receita do jogo dentro das quatro linhas, ele que acabou por conseguir vencer o “melhor treinador de Setúbal e arredores”, José Mourinho. Este acabou por não conseguir inverter o ritmo do jogo e no final da partida, sobre o facto de ter “caído” para a Liga Europa, sempre foi dizendo que será uma competição mais adequada ao Fenerbache, ainda que, lembrou, vá encontrar por lá o FC Porto, a equipa portuguesa que irá competir na Liga Europa e que, segundo Mourinho, será um adversário muito complicado, um recado que o treinador português ao serviço do Fenerbache foi deixando por antecipação.
Do lado do Benfica, o apuramento para a Liga dos Campeões terá sido um importante “empurrão” para a candidatura de Rui Costa a prosseguir na presidência dos encarnados, podendo ser apoiado pelo milhões que irão chegar da UEFA e que deverão permitir os últimos acertos em termos de contratações para o plantel às ordens de Bruno Lage. O mercado de transferência fecha em Portugal na próxima segunda-feira!









