Com a chegada a Portugal das notícias e nomeadamente das imagens da tragédia na região espanhola de Valência, a primeira pergunta colocada pelos portugueses é se este tipo de fenómenos poderá acontecer entre nós, uma questão que dá conta das preocupações globais cuja resposta é sim. De facto, fenómenos meteorológicos extremos, como as chuvas torrenciais associadas a depressões isoladas em níveis altos (DANA), poderão vir a repetir-se em território português, isto porque vários fatores indicam que a probabilidade de ocorrência de eventos climáticos severos está a aumentar.
Entre estes fatores estão as alterações climáticas, com o aquecimento global a provocar alterações nos padrões climáticos em todo o mundo, incluindo em Portugal. As temperaturas mais elevadas podem aumentar a evaporação e a quantidade de vapor de água disponível na atmosfera, contribuindo para chuvas mais intensas.
Estamos assim à mercê de eventos meteorológicos extremos, isto porque diversos estudos têm demonstrado que a frequência e a intensidade deste tipo de fenómenos, como chuvas torrenciais, tempestades e secas, estão a aumentar em várias regiões da Europa, incluindo Portugal. Isso pode resultar em eventos climáticos mais severos e imprevisíveis.
Será ainda preciso ter em conta que a geografia de Portugal, com a sua diversidade de paisagens e relevo, pode amplificar os efeitos de sistemas meteorológicos, tornando certas áreas mais suscetíveis a inundações e deslizamentos de terra durante eventos de chuva intensa. Além disso, a urbanização e a impermeabilização do solo em áreas urbanas, por vezes em resultado de construções pouco avisadas relativamente às condições freáticas dos solos, dificultam a absorção da água, aumentando o risco de inundações. A gestão inadequada do uso do solo pode agravar a situação, tornando algumas áreas mais vulneráveis a fenómenos extremos.
Dada a crescente preocupação com as mudanças climáticas e a vulnerabilidade a fenómenos meteorológicos extremos, é importante que as autoridades e a sociedade em geral se preparem e adotem medidas para aumentar a resiliência e reduzir os riscos associados a estes eventos. A monitorização contínua e a investigação são essenciais para entender melhor esses fenómenos e melhorar as previsões e respostas às situações de emergência.
Embora a situação seja extremamente difícil e dolorosa, a combinação de apoio comunitário, assistência externa e um foco na recuperação a longo prazo poderá agora ajudar as populações de Valência e de toda a região afectada a reconstruir as suas vidas e a encontrar esperança no futuro.
J.R. / LusoNotícias
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